Agora que nos restam poucos dias da presença visível do Papa Bento XVI, conseguimos dar muito mais valor as coisas que ele diz e faz. Normalmente é só quando as coisas passam que percebemos o verdadeiro valor, assim também compartilhamos um pouquinho do nosso Bento.
Nosso Papa está nos deixando...
Nosso Papa está nos deixando...
nos deixando um legado incrível, uma profundidade e sabedoria encantadora, um ministério digno de quem é o "vice-Cristo", assim como um exemplo desafiador.
Segue um dos últimos discursos dele no sábado.
Caros irmãos,
Segue um dos últimos discursos dele no sábado.
Caros irmãos,
Caros amigos!
No final desta semana espiritualmente tão densa, fica só uma palavra: obrigado! Obrigado a vocês por esta comunidade orante em escuta, que me acompanhou nesta semana. Obrigado, principalmente, ao senhor, eminência, por estas “caminhadas” tão bonitas no universo da fé, no universo dos Salmos. Ficamos impressionados pela riqueza, profundidade, beleza deste universo da fé e permanecemos gratos porque a Palavra de Deus nos falou de modo novo, com nova força.
"Arte de crer, arte de pregar” era o fio condutor. Lembrei-me do fato de que os teólogos medievais traduziram a palavra "logos" não só por "Verbum", mas também por "ars": "Verbum" e "ars" são intercambiáveis. Apenas nas duas juntas aparece, para os teólogos medievais, todo o significado da palavra “logos”. O “Logos” não é somente um razão matemática: o “Logos” tem um coração, o “Logos” é também amor. A verdade é bela, verdade e beleza vão juntas: a beleza é o selo da verdade.
E o senhor, partindo dos Salmos e da nossa experiência de cada dia, sublinhou fortemente que o “muito belo” do sexto dia - expressado pelo Criador – é permanentemente contradito, desta forma, pelo mal, pelo sofrimento, pela corrupção. E parece quase que o maligno queira permanentemente sujar a criação, para contradizer a Deus e fazer irreconhecível a sua verdade e a sua beleza. Num mundo assim marcado também pelo mal, o “Logos”, a Beleza eterna e a Ars eterna, devem aparecer como “caput cruentatum”. O Filho encarnado, o “Logos” encarnado, é coroado com uma coroa de espinhos; e ainda justo assim, nesta figura sofrida do Filho de Deus, começamos a ver a beleza mais profunda do nosso Criador e Redentor; podemos, no silêncio da “noite escura”, escutar ainda a Palavra. Crer não é mais do que, na escuridão do mundo, tocar a mão de Deus e assim, no silêncio, escutar a Palavra, ver o Amor.
Eminência, obrigado por tudo e façamos ainda “caminhadas”, ainda mais, neste misterioso universo da fé, para sermos mais capazes de orar, de rezar, de anunciar, de ser testemunhas da verdade, que é bela, que é amor.
No fim, caros amigos, gostaria de agradecer a todos vocês, e não só por esta semana, mas por estes oito anos, em que levaram comigo, com grande competência, afeto, amor, fé, o peso do ministério petrino. Permanece em mim esta gratidão e embora agora termine a "exterior", "visível" comunhão - como disse o cardeal Ravasi – permanece a proximidade espiritual, permanece uma profunda comunhão na oração. Nesta certeza avançemos, confiantes da vitória de Deus, confiantes da verdade da beleza e do amor.
Obrigado a todos.