domingo, 29 de setembro de 2013

Bento XVI em seu trabalho "oculto"

 O matemático italiano Piergiorgio Odifreddi recebeu uma carta muito especial no último dia 3 de setembro: no envelope selado, onze páginas com data de 30 de agosto se encerravam com a assinatura de Bento XVI.

O papa emérito respondia ao livro “Caro papa, ti scrivo” [“Querido papa, escrevo a você”, ndr; Edições Mondadori, 2011], livro de Odifreddi que, tal como o próprio autor explica, se apresenta já na capa como uma “luciferina introdução ao ateísmo”. No artigo em que Odifreddi comenta as suas impressões ao receber a carta de Bento XVI, ele afirma que não foi uma coincidência o fato de ter escrito abertamente a Ratzinger. Depois de ler a sua “Introdução ao Cristianismo”, o matemático entendeu que a fé e a doutrina de Bento XVI, diferentemente da de outros, eram suficientemente coerentes e sólidas para que ele conseguisse encarar e rebater ataques frontais.
No fragmento da carta que foi publicado no jornal La Repubblica, o papa emérito relata ter lido algumas partes do livro, apreciando-as e beneficiando-se com o seu conteúdo, mas surpreendendo-se, em outras, com uma certa agressividade e com a superficialidade das argumentações.
No início da carta, Bento XVI escreve: “Você me diz que a teologia seria ‘ficção científica’”. A colocação, o papa emérito responde com quatro pontos.
Em primeiro lugar, Ratzinger observa que "é correto afirmar que 'ciência', no sentido mais estrito da palavra, são somente as ciências matemáticas, e você ensina que seria necessário distinguir ainda entre aritmética e geometria. Em todas as matérias específicas, a ciência tem uma forma própria, conforme a particularidade do seu objeto. O essencial é que ela aplique um método verificável, exclua a arbitrariedade e garanta a racionalidade nas respectivas modalidades".
Em segundo lugar, Bento XVI sustenta que "você deveria ao menos reconhecer que, no âmbito histórico e no do pensamento filosófico, a teologia produziu resultados duradouros".
Como terceiro aspecto, ele afirma que "uma função importante da teologia é a de manter a religião unida à razão e a razão à religião. Ambas as funções são de essencial importância para a humanidade". Neste ponto, o papa emérito recorda que, em seu diálogo com Habermas, "mostrei que existem patologias da religião e, não menos perigosas, patologias da razão. Ambas necessitam uma da outra, e mantê-las continuamente conectadas é uma tarefa importante da teologia".
No último ponto, muito mais extenso que os anteriores, Bento XVI avalia que "a 'ficção científica' existe também no seio de muitas ciências", e, a propósito, faz referência às teorias que Odifreddi expõe sobre o início e o fim do mundo em Heisenberg e Schrödinger, que "os desenharia como 'ficção científica' no bom sentido: visões e antecipações para se atingir um verdadeiro conhecimento, mas que são, de fato, apenas imaginações com as quais tentamos nos aproximar da realidade".
Depois de desenvolver estas ideias, o papa emérito se concentra no capítulo sobre o sacerdote e sobre a moral católica, bem como nos diversos capítulos sobre Jesus. "No tocante ao que você fala sobre o abuso moral de menores por parte de sacerdotes, eu posso, como você sabe, constatá-lo apenas com profunda consternação. Nunca procurei mascarar esses fatos. Que o poder do mal penetre a tal ponto no mundo interior da fé é para nós um sofrimento que, por um lado, temos de suportar, e, por outro, fazer todo o possível para que esses casos não se repitam”.
“Tampouco é motivo de tranquilidade saber, com base nas pesquisas dos sociólogos, que a porcentagem de sacerdotes culpáveis desses crimes não é mais alta do que a porcentagem existente em categorias profissionais similares. Em todo caso, este desvio não deveria ser apresentado ostentosamente como se fosse uma mancha específica do catolicismo. Se não é lícito silenciar o mal que existe na Igreja, não se deve, tampouco, silenciar o grande caminho luminoso de bondade e de pureza que a fé cristã traçou ao longo dos séculos". Bento XVI recorda nomes como São Bento e sua irmã Santa Escolástica, São Francisco e Santa Clara de Assis, Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz.
Quanto àquilo que o matemático diz sobre a figura histórica de Jesus, Ratzinger recomenda ao autor os quatro volumes que Martin Hengel publicou junto com Maria Schwemer, "um exemplo excelente de precisão histórica e de amplíssima informação histórica". Bento XVI recorda ainda, como já havia esclarecido no primeiro volume do seu livro sobre Jesus de Nazaré, que "a exegese histórico-crítica é necessária para uma fé que não propõe mitos com imagens históricas, mas que reclama uma historicidade verdadeira e, por isso, tem de apresentar a realidade histórica das suas afirmações também de forma científica".
Prossegue o papa emérito afirmando que "se você, porém, quer substituir Deus por ‘A Natureza’, resta a pergunta sobre quem ou que é essa natureza. Em nenhum momento você a define. Ela aparece, assim, como uma divindade irracional que não explica nada. Eu gostaria, por isso, de destacar em especial que na sua religião da matemática existem três temas fundamentais da existência humana que permanecem desconsiderados: a liberdade, o amor e o mal. (...) Qualquer coisa que a neurobiologia possa dizer sobre a liberdade no drama real da nossa história está presente como realidade determinante e deve ser levada em consideração".
Na última parte publicada da carta, Bento XVI ressalta: “A minha crítica sobre o seu livro, em parte, é dura. Mas do diálogo faz parte a franqueza; só assim pode crescer o conhecimento".

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A Igreja mais jovem do mundo rumo ao Dia Mundial das Missões 2013

 Muitos não estão conscientes dos grandes progressos feitos até hoje pela Igreja Católica na Mongólia, a mais jovem do mundo criada a cerca de 20 anos atrás depois da queda do comunismo. O Apelo da Catholic Mission Australia para o Dia Mundial das Missões que se celebra em 20 de outubro próximo, se concentrará nesta igreja jovem.
Catholic Mission apoiou a Igreja Católica na Mongólia desde o início e contribuiu para a construção da primeira igreja no país três anos depois da chegada de Dom Wens Padilla, Prefeito Apostólico e primeiro Bispo da Igreja na Mongólia. Durante sua chegada, o país habitado por pastores nômades, não tinha a mínima consciência do cristianismo e estava nas mãos do alcoolismo, abuso doméstico, serviço sociais públicos muito precários e pobreza extrema. Hoje, em todo o país, com menos de 3 milhões de habitantes, existem 6 igrejas católicas. Durante os meses de setembro e novembro de 2013, as paróquias em toda a Austrália partilharão, além do correio de campanhas na internet, a viagem de fé de Dom Padilla. Num comunicado enviado à Agência Fides por Martin Teulan, Diretor Nacional de Catholic Mission, ele evidencia o apreço para com os progressos da Igreja na Mongólia, cuja maior parte dos adeptos não vem de famílias católicas e nunca tinha ouvido falar de Jesus. 

Além disso, Teulan explicou que um dos desafios principais para a Igreja Católica na Mongólia é o fato de que não existem padres e freiras locais. Os primeiros seminaristas do país estudaram na Coréia, e a Igreja confia nos catequistas locais pelos materiais didáticos e modalidades para inculturar o Evangelho na vida cotidiana do povo da Mongólia.
Catholic Mission apoia a formação e o trabalho dos catequistas e seminaristas, além de muitos projetos de desenvolvimento comunitário para aqueles que vivem na pobreza. “Acredito que a história do Bispo Padilla e do impacto incrível da Igreja Católica na Mongólia será de grande inspiração para os Católicos de toda a Austrália”, concluiu Diretor Nacional. Dentre as iniciativas de Catholic Mission em favor da Igreja na Mongólia, o DVD intitulado Edificarei a minha Igreja”.
Fonte: Agência Fides

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Setembro, mês da Palavra!


A Palavra de Deus é fundamental e muitas vezes a vemos como algo passivo diante de nós. Mas é o contrário. Na vida espiritual, Ela tem um movimento ativo, pois vem de Deus, é absorvida pelo nosso coração e produz a mudança. A Palavra de Deus transforma de forma ativa, renovadora e santificadora.
Conhecer a Palavra é conhecer o próprio Cristo. E é importante ressaltar que o autor da Bíblia é Deus. Através dela, Deus revela divinamente os seus pensamentos, com a assistência do Espírito Santo.
Sim, a Bíblia tem autores. Ela não “caiu do céu pronta” e não foi um livro que o Anjo lançou do céu, como alguns dizem. Pessoas inspiradas pelo Espírito Santo escreveram-na.
O Espírito Santo inspirou a redação, dando aos escritores faculdades e capacidades para que pudessem transcrever aquilo que era da vontade de Deus. Assim, os livros inspirados por Ele, escritos por homens, numa linguagem humana, trazem a Verdade.
A Palavra de Deus é viva e, por isso, Ela age como fermento. Ela não é estática. Sempre que lemos descobrimos novos significados, embora o conteúdo seja sempre o mesmo.
A Palavra de Deus é também dinâmica. Quando comparada à realidade, faz emergir alguns pontos que talvez não tenham sido lembrados anteriormente. Por exemplo, em tempos de guerra, quando a Palavra fala de paz, ela tem um diferente significado. Na atualidade, diante de tantos casos de corrupção, quando a Palavra que fala de solidariedade, igualdade e honestidade tem um peso muito maior. Por isso mesmo, a leitura da Bíblia precisa ser estudada, meditada e entendida.
É importante entender a Palavra de Deus partindo do princípio que aquilo que estamos lendo é o Pai falando aos homens, com uma linguagem própria para eles. Lembre-se: a Bíblia não é um romance, uma novela ou uma notícia de jornal. É importante saber de alguns aspectos para entendê-la melhor. Estudar sobre quando e onde aconteceu aquela passagem; quem são os personagens narrados; qual deles é o principal e quais são os secundários. Essa é uma forma de nos debruçarmos sobre a Palavra de Deus numa atitude de entendimento e oração.
São Jerônimo, o grande tradutor da Bíblia do grego para o latim, afirmou: “Desconhecer a Sagrada Escritura é ignorar o próprio Cristo”. Madre Teresa de Calcutá também disse: “A Palavra de Deus é Deus que nos fala, para que nós calemos a nossa voz e escutemos a sua lei”. E São Francisco nos ensinou: “Pregue sempre o Evangelho e quando for necessário use palavras”.
Um dos trechos que revela o quanto a Palavra de Deus é importante para a nossa vida está na Segunda Carta a Timóteo: “Toda Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda boa obra”. (2Tm 3, 16-17)
Termino este artigo lembrando as palavras de Santo Isidoro: “Quando rezamos falamos com Deus, quando lemos a Sagrada Escritura, Deus fala conosco”. Por isso, lembre-se sempre: Bíblia aberta, cartilha de oração! Evangelizar é preciso!

CURITIBA, 09 de Setembro de 2013 (Zenit.org)

Por Pe. Reginaldo Manzotti